quarta-feira, 21 de outubro de 2009

20/10 - Do homem velho ao homem novo, Palestrante: Vera, OCDS


A VIDA EVANGÉLICA

JUSTIÇA

Lei do Mais Forte
Lei de TaliãoEx 21, 23-25

PARÁBOLA
Filho Pródigo
Pai Misericordioso
Filho reencontrado
Lc 15, 11-32

PARÁBOLA
Operários da undécima hora
Mt 20, 1-16
JUSTIÇA parece não ser conceito suficiente para representar a mensagem (e a atuação!) de Jesus

E então?
LIBERDADE
AMOR

JESUS x CONVENÇÕES
Mt 12, 9-14
Lc 13, 10-17
Lc 14, 1-6
Lc 15, 1-2
Em resumo:
Lc 16, 16
Ouviste... Eu vos digo...
Mt 5, 21-22
Mt 5, 27-28
Mt 5, 31-32
Mt 5, 33-37
Mt 5, 38-42
Mt 5, 43-45

O Maior Mandamento
Mt 22, 34-41
Mc 12, 28-34Lc 10, 25-28
Quem é o próximo?
Mt 5, 46-48
Lc 10, 29-37
Mt 25, 31-46

Novidade de Jesus
Jo 3, 17
Jo 8, 31-32
Jo 10, 10bJo 13, 1-20

Novo Mandamento:
Jo 13, 34-35Jo 15, 11-12

Aspirações à Vida Eterna Madre Teresa de Jesus – 1572(?)

Vivo já fora de mim
Desde que morro de amor
Porque vivo no Senhor
Que me escolheu para si.
Quando o coração lhe dei
Com terno amor lhe gravei:
Que morro porque não morro

Vivo sem viver em mim
E tão alta vida espero
Que morro porque não morro
Vivo sem viver em mim

Esta divina prisão
Do amor em que eu vivo
Fez a Deus ser meu cativo
E livre meu coração
E causa em mim tal paixão
Ser eu de Deus a prisão
Que morro porque não morro

Ai, que longa é esta vida!
Que duros estes desterros!
Este cárcere, estes ferros
Onde a alma está metida!
Só de esperar a saída
Me causa dor tão sentida
Que morro porque não morro

Vida, que posso eu dar
A meu Deus que vive em mim,
Se não é perder-me, enfim,
Para melhor o gozar?
Morrendo, o quero alcançar,
Pois nele está meu socorro
Que morro porque não morro
O seguimento vivencial de Jesus não é imediato.

CONVERSÃO!!!
“Morro porque não morro...”(1572-1577?)

Castelo Interior Madre Teresa de Jesus – 1577 Morada 7, capítulo 3, número 6

O que mais me surpreende é o seguinte. Já vistes os sofrimentos e desolações por que passaram estas almas, em virtude das ânsias de morrer para se regozijarem em Nosso Senhor. Agora, têm grande desejo de o servir. Desejam contribuir para a sua glória. Se lhes fosse possível, se fatigariam para fazer lucrar uma só alma. Não só não desejam morrer, mas querem viver muitos anos, padecendo gravíssimos sofrimentos, se tivessem esperança de que o Senhor seria louvado por seu meio, ainda que na mínima circunstância.
Mesmo se soubessem com certeza que, saindo a alma do corpo, logo iria rejubilar em Deus, não se moveriam a querê-lo. Não lhes importa. Não pensam na glória dos santos, nem desejam por enquanto ver-se nela. A glória que cobiçam é a de ajudar de algum modo o Crucificado. Sobretudo quando vêem que é tão ofendido e há tão poucos deveras ocupados em zelar pela honra de Deus, desapegados de tudo mais.
Morada 7, capítulo 4, número 6Ó minhas irmãs, como a alma onde o Senhor está tão particularmente presente deve estar esquecida de seu descanso, indiferente a toda honra, alheia a qualquer desejo de ser tida em boa conta. Estando muito com ele – como deve ser – pouco se lembra de si. Só pensa em como há de contentá-lo mais – em que circunstâncias e por que meios mostrará o amor que tem. A oração serve para chegar aqui, filhas minhas. Eis a finalidade deste matrimônio espiritual: que dele nasçam obras, sempre obras!

Irmã Teresa do Menino Jesus da Santa Face Manuscrito C – 1897 (nn. 288-290)
Este ano, Madre querida, Deus deu-me a graça de compreender o que é a caridade. Compreendia antes, mas de maneira imperfeita, não tinha aprofundado esta palavra de Jesus: "O segundo [mandamento] é semelhante a este: "Ama o teu próximo como a ti mesmo". Dedicava-me, sobretudo, a amar a Deus e foi amando-o que compreendi que não devia deixar que meu amor se traduzisse apenas em palavras, pois: "Nem todo o que me diz: ‘Senhor, Senhor’, entrará no reino dos céus, mas o que faz a vontade de meu Pai que está nos céus". Essa vontade, Jesus a deu a conhecer muitas vezes, deveria dizer quase a cada página do seu Evangelho; mas na última ceia, quando sabe que o coração dos seus discípulos arde de maior amor por Ele que acaba de dar-se a eles no inefável mistério da sua Eucaristia, esse doce Salvador quer dar-lhes um novo mandamento. Diz-lhes com indizível ternura: "Dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros; que, assim como eu vos amei, vós também vos ameis uns aos outros. E nisto precisamente todos reconhecerão que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns pelos outros”.
De que maneira Jesus amou seus discípulos e por que os amou? Ah! não eram suas qualidades naturais que podiam atraí-lo, havia entre eles e Ele uma distância infinita. Ele era a ciência, a Sabedoria Eterna; eles eram pobres pescadores ignorantes e cheios de pensamentos terrenos. Contudo, Jesus os chama de amigos, de irmãos, quer vê-los reinar com Ele no reino do seu Pai e, para abrir-lhes esse reino, quer morrer numa cruz, pois disse: Não há amor maior que dar a vida por quem se ama.
Madre querida, ao meditar essas palavras de Jesus, compreendi como era imperfeito o meu amor para com minhas irmãs, pois não as amava como Deus as ama. Ah! compreendo agora que a caridade perfeita consiste em suportar os defeitos dos outros, não se surpreender com suas fraquezas, edificar-se com os menores atos de virtude que os vemos praticar. Compreendi, sobretudo, que a caridade não deve ficar presa no fundo do coração. Ninguém, disse Jesus, acende uma candeia para colocá-la debaixo do alqueire, mas sobre o candelabro, e assim alumia a quantos estão em casa. Parece-me que essa candeia representa a caridade que deve alumiar, alegrar, não só os que me são mais caros, mas todos os que estão em casa, sem excetuar ninguém.
Quando o Senhor ordenou a seu povo que amasse o próximo, como a si mesmo, não tinha vindo ainda à terra. Mas, sabendo até que grau se ama a si mesmo, não podia pedir às suas criaturas amor maior para com o próximo. Quando Jesus deu a seus discípulos um mandamento novo, o Seu mandamento, como diz adiante, não é mais amar o próximo como a si mesmo que ele ordena, mas amá-lo como Ele, Jesus o amou, como o amará até o final dos séculos...
Ah, Senhor! sei que não ordenais nada impossível, conheceis minha fraqueza e minha imperfeição melhor do que eu mesma; bem sabeis que nunca poderei amar as minhas irmãs como vós as amastes, se vós mesmo, ó meu Jesus, não as amásseis em mim. É porque queríeis me conceder essa graça que fizestes um mandamento novo. Oh! como o amo, sendo que me dás a certeza de que vossa vontade é amar em mim todos aqueles que me ordenastes amar!...

Irmã Teresa do Menino Jesus da Santa Face Manuscrito C – 1897 (n. 292)

Encontra-se na comunidade uma irmã que tem o dom de desagradar-me em tudo, suas maneiras, suas palavras, seu caráter eram-me muito desagradáveis, porém é uma santa religiosa que deve ser muito agradável a Deus. Não querendo entregar-me à antipatia natural que sentia, disse a mim mesma que a caridade não deveria assentar-se nos sentimentos, mas nas obras. Então, apliquei-me em fazer por essa irmã o que teria feito pela pessoa que mais amo. Cada vez que a encontrava, rezava por ela, oferecendo a Deus todas as suas virtudes e méritos. Sentia que isso agradava a Jesus, pois não há artista que não goste de receber elogios pelas suas obras, e Jesus, o artista das almas, fica feliz quando, em vez de olhar apenas o exterior, entramos no santuário íntimo que ele escolheu para morada e admiramos sua beleza. Não me restringia a rezar muito pela irmã que me levava a tantos combates, procurava prestar-lhe todos os serviços possíveis. Quando estava tentada a responder-lhe de modo desagradável, contentava-me em lhe dar meu mais agradável sorriso e procurava desviar a conversa, pois diz-se na Imitação que é melhor deixar cada um no seu sentimento que se entregar à contestação.
Muitas vezes também quando não estava no recreio (quero dizer, durante as horas de trabalho), tendo algum relacionamento de serviço com essa irmã, quando os combates se faziam violentos demais, fugia como desertora. Como ela ignorava completamente o que eu sentia por ela, nunca suspeitou os motivos do meu comportamento e está persuadida de que o caráter dela me é agradável. Um dia, no recreio, disse-me, aproximadamente, as seguintes palavras com ar contentíssimo: "Aceitaríeis dizer-me, Irmã Teresa do Menino Jesus, o que tanto vos atrai em mim, pois cada vez que me olhais vejo-vos sorrir?" Ah! o que me atraía era Jesus oculto no fundo da alma dela... Jesus que torna suave o que é amargo... Respondi que sorria por estar contente em vê-Ia (obviamente não acrescentei que era do ponto de vista espiritual).

Documento de Aparecida (2007)

19. Em continuidade com as Conferências Gerais anteriores do Episcopado Latino-americano, este documento faz uso do método “ver, julgar e agir”. Este método implica em contemplar a Deus com os olhos da fé através de sua Palavra revelada e o contato vivificador dos Sacramentos, a fim de que, na vida cotidiana, vejamos a realidade que nos circunda à luz de sua providência e a julguemos segundo Jesus Cristo, Caminho, Verdade e Vida, e atuemos a partir da Igreja, Corpo Místico de Cristo e Sacramento universal de salvação, na propagação do Reino de Deus, que se semeia nesta terra e que frutifica plenamente no Céu.

Edith Stein Carta ao Papa Pio XI (1933)

Santo Padre!
Como filha do povo judeu que, pela graça de Deus, nos últimos onze anos é também filha da Igreja Católica, ouso falar ao Pai da Cristandade sobre aquilo que oprime milhões de alemães. Faz semanas que temos visto feitos perpetrados na Alemanha que debocham de qualquer senso de justiça e humanidade, para não mencionar amor ao próximo. Por anos, os líderes do Nacional Socialismo têm pregado o ódio aos Judeus. Agora que eles chegaram ao poder no governo e armaram seus seguidores, entre eles elementos provadamente criminosos, esta semente de ódio germinou. Apenas recentemente o governo admitiu que ocorreram excessos. Em que medida, não podemos dizer, porque a opinião pública está sendo amordaçada. Entretanto, julgando pelo que soube por meio de conhecidos, não é, de forma alguma, uma questão de casos excepcionais nem singulares. Sob pressão de reações externas, o governo adotou métodos “mais brandos”. Lançaram o lema “nenhum judeu deve ter sequer um fio de cabelo ameaçado”. Mas, com medidas de boicote – privando as pessoas de seu meio de vida, honra cívica e pátria – leva muitos ao desespero; na última semana, fui informada, por relatos reservados, de cinco casos de suicídio como consequência dessas hostilidades. Estou convencida de que essa é uma condição generalizada que pode levar a muito mais vítimas. Podemos lamentar que esses infelizes não tenham maior força interior para suportar seu sofrimento, mas a responsabilidade deve recair naqueles que os levaram a esse ponto e também recai sobre aqueles que se mantiveram calados ante tais acontecimentos.
Tudo o que aconteceu e continua a acontecer todos os dias tem origem num governo que se diz “cristão”. Durante semanas, não apenas judeus mas também milhares de fiéis católicos na Alemanha e, creio eu, em todo o mundo, têm aguardado e esperado que a Igreja de Cristo eleve sua voz para por um fim a esse abuso do nome de Cristo. Essa idolatria da raça e do poder governamental que está sendo martelada na consciência do público por meio do rádio não é uma clara heresia? O empenho em destruir sangue judeu não é um abuso da santíssima humanidade de nosso Salvador, da bem-aventurada Virgem e dos apóstolos? Isso tudo não é diametralmente oposto à conduta de nosso Senhor e Salvador, que, mesmo na cruz, ainda rezou por seus perseguidores? E isso não é uma mancha nesse Ano Santo, que foi declarado um ano de paz e reconciliação?
Nós todos, que somos fiéis filhos da Igreja e que vemos as condições na Alemanha de olhos abertos, tememos o pior para o prestígio da Igreja, se o silêncio continuar por mais tempo. Nós estamos convencidos de que esse silêncio não poderá, no longo prazo, levar à paz com o atual governo germânico. Por enquanto, a luta contra o catolicismo será conduzida silenciosamente e menos brutalmente do que contra o Judaísmo, mas não menos sistematicamente. Não demorará muito e nenhum católico poderá manter seu emprego na Alemanha, a menos que se entregue incondicionalmente ao sistema.
Aos pés de Sua Santidade, rogando sua bênção apostólica.

(assinado) Dr. Edith Stein, Professora no Instituto Germânico de Pedagogia Científica, Münster, Westphalia, Collegium Marianum

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